O
circo Bagunça Bem Feita se instalou na cidade.
Já era a vez de
Mocotó, o palhaço, entrar no picadeiro, e ele não achava seu nariz de
bola vermelha.
Pôs-se a procurar na caixa da Mulher Barbada e no baú
do mágico, mas nada. O que ele fez então?
ocotó
abriu o guarda-roupa do Engolidor de Fogo, mas só viu o seu material de
trabalho: três pacotes de fósforos, dois maços de vela, quatro rolos
de algodão, seis tochas de fogo e dois litros de álcool.
-
fa! Vou fechar logo aqui antes que eu fique queimado.
Ele
deu uma olhada geral no camarim: roupas penduradas, perucas, bolas,
armação de ferro, palmatória, cadeiras, espelho, tudo, menos seu
nariz de bola vermelha.
-
Só falta olhar na caixinha do Domador de pulgas...mas não sei se devo
mexer com as pulgas... esses bichos...
De
novo o grito do dono do circo:
-
Ei, Mocotó, o pessoal não agüenta mais esperar!
Mocotó
nem respondeu. Apavorado, quase chorando, aproximou-se da caixa das
pulgas e espiou pelo buraquinho. As pulgas, danadas, brincalhonas, foram
logo fazendo gozação com o palhaço:
-
Palhaço boboca, nariz de pipoca!
-
Palhaço boboca, nariz de pipoca!
ocotó até gostou da
brincadeira e pensou: "Se elas disseram que eu tenho nariz de pipoca é
porque eu tenho nariz, ora bolas!"
Ele deu
meia volta no corpo e foi em direção ao espelho do camarim.
Surpresa!
- E não
é que o meu nariz de bola vermelha está em cima do meu nariz de verdade?
Satisfeito,
Mocotó não esperou o dono do circo chamá-lo outra vez. Botou um grande
sorriso preto e branco embaixo do nariz de bola vermelha e entrou no
picadeiro, gritando:
- Hoje
tem espetáculo?
E a
platéia alegre respondeu em coro:
- Tem, sim
Senhor!
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